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AGRESSORES ATIVOS: NOSSAS ESCOLAS ESTÃO PROTEGIDAS E PREPARADAS PARA ESSA AMEAÇA?

SEGURANÇA NAS ESCOLAS !

AGRESSORES ATIVOS: NOSSAS ESCOLAS ESTÃO PROTEGIDAS E PREPARADAS PARA ESSA AMEAÇA?

Haroldo Victoriano Bunn Especialista em Segurança e Operações Especiais da PF No dia 05 de abril passado, deparamo-nos com um crime bárbaro e brutal ocorrido em Blumenau-SC. Um criminoso entrou em uma creche pulando o muro e atacou crianças com uma machadinha, 4 foram mortas e 5 ficaram feridas. Após o ataque, o criminoso se entregou no batalhão de polícia da área. Esse ataque ocorreu apenas 10 dias depois de outro ataque ocorrido no Colégio Estadual Thomazia Montoro em São Paulo. Nesse ataque, um aluno de 13 anos atacou com faca alunos e funcionários da escola, matando 01 professora e ferindo 4 alunos. Esses 2 ataques realizados nesse ano de 2023 somam-se a outros 22 ataques a escolas no Brasil nas últimas 2 décadas resultando no total de 52 mortos e 125 feridos. Os criminosos responsáveis por essas crueldades são conceituados como AGRESSORES ATIVOS, indivíduos ativamente engajados em atentar violentamente contra a vida de pessoas em uma área relativamente povoada, com escolha aleatória de vítimas e cujo motivo não esteja relacionado com outro crime específico. ATAQUES NO BRASIL E NOS ESTADOS UNIDOS A primeira vez que o Brasil se chocou com um ataque com essas características foi no dia 3 de novembro de 1999 quando um estudante de medicina durante uma sessão de cinema no Shopping Morumbi e usando uma submetralhadora efetuou disparos contra as pessoas que assistiam ao filme. 3 pessoas foram mortas e 4 ficaram feridas.

Acredita-se que o criminoso tenha se inspirado em outro ataque ocorrido meses antes nos Estados Unidos, o famoso massacre de Columbine que foi um ataque à Escola de Ensino Médio Columbine High School localizada no Colorado – EUA. Esse ataque em Columbine foi um marco para o desenvolvimento da doutrina de segurança escolar e respostas à ataques de agressores ativos.

Enquanto no Brasil houve 27 ataques de agressores ativos (24 em colégios) nas últimas 2 décadas, no mesmo período nos Estados Unidos aconteceram 348 ataques sendo o último no dia 10 de abril passado que resultou em 5 pessoas mortas e 8 feridas na cidade de Louisville / KY.


DOUTRINA E POLÍTICAS DE SEGURANÇA DOS ESTADOS UNIDOS


Para combater esse tipo de crime, o FBI- Federal Bureau of Investigation e o U.S. Department Homeland of Security com a ajuda de Psicólogos, Pedagogos e outros profissionais de diferentes áreas, desenvolveram protocolos de segurança contra ataques de agressores ativos. Especificamente para Escolas, foi desenvolvido o K-12 Sistema de Segurança Escolar visando construir um ambiente de segurança nas escolas com equilíbrio
entre segurança, ensino e aprendizagem.


O sistema K-12 é composto por medidas de segurança física das instalações, treinamento e capacitação de
funcionários e alunos e adoção de protocolos de resposta civil a agressores ativos.
Além desse sistema de segurança e os protocolos de resposta civil a esses crimes, nos Estados Unidos as
unidades de primeira resposta (polícia estadual, polícia municipal, bombeiros e SAMU) possuem protocolos
específicos para esse tipo de ocorrência e mantém uma parceria próxima com as unidades de ensino.

Isso é fundamental uma vez que os 2 principais fatores que determinam o número de vítimas e a gravidade do ataque são 1) A disponibilidade de alvos/vítimas 2) A velocidade de resposta das polícias.
SEGURANÇA ATUAL DE NOSSOS ALUNOS
Falando de maneira genérica, uma avaliação do nível de segurança é feita levando em consideração a
probabilidade de um risco se concretizar, o impacto (prejuízo) que ele causará e o que é feito para eliminar
esse risco ou pelo menos mitigá-lo.


A probabilidade de um ataque acontecer em uma escola é pequena, porém, o impacto é imenso, pois pode resultar na morte de pessoas. Por isso, é importante que os colégios adotem um sistema de segurança escolar para controlar esse risco.

Hoje, nossas crianças não estão em uma situação de grande risco, podemos levá￾las para as escolas sem desespero porque a probabilidade de um ataque ainda é muito pequena, mas precisamos aumentar a capacidade de impedir esses ataques e de mitigar as consequências deles.


ADIANTA UM MURO DE 2 METROS DE ALTURA?


Importante destacar que um problema complexo não deve ser combatido com uma resposta rasa. Muitas
escolas estão adotando medidas de segurança isoladas e desconexas que acabam não tendo eficácia e as vezes até aumentam a insegurança dos nossos alunos.


Uma escola no Ceará resolveu usar um detector de metais na porta do colégio ocasionando uma fila que
chegava à esquina do quarteirão. Se um agressor ativo desejasse realizar um ataque, aquela fila de alunosria um alvo perfeito para ele. Outro exemplo de medida de segurança isolada que pode não ser suficiente para a proteção de nossos alunos é a implementação apenas de barreiras físicas. A construção de um muro de 2 metros de altura na maioria das vezes não será suficiente para impedir que o agressor ativo entre no colégio, primeiro porque é necessário também ter um controle de acesso eficiente e funcionários treinador para realizar esse controle e segundo porque em 85,2% dos ataques no Brasil o agressor era aluno, ex-aluno ou pessoa com conexão com o estabelecimento ou com as vítimas, desta forma conseguindo entrar no local sem dificuldade. Isso nos mostra também a importância do trabalho do psicólogo escolar e de medidas de prevenção e combate ao bullying nas escolas, uma vez que o bullying é um dos fatores de risco que contribui para a ocorrência desses ataques

O QUE PODE SER FEITO PARA AS ESCOLAS FICAREM MAIS SEGURAS?

Entendermos que se na maioria dos ataques os agressores eram alunos dos colégios, pais e responsáveis precisam estar mais presentes nas vidas de seus filhos acompanhando a saúde mental e a felicidade deles em viver. As escolas precisam buscar profissionais de segurança com qualificação para a implementação de medidas de segurança adequadas e que não prejudiquem o processo de aprendizagem construindo um ambiente seguro e inclusivo, além de implementarem abordagens multidisciplinares de combate ao bullying. E por fim, o poder público de nossa região precisa rapidamente criar um comitê formado por especialistas e órgãos de segurança e educação para esse comitê ajudar na criação de políticas de segurança pública e protocolos para prevenção e resposta a esses crimes e capacitar seus agentes públicos para uma resposta técnica e uniforme a esses eventos críticos

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